sábado, 21 de março de 2009

CARTA DE PRINCÍPIOS DO MOVIMENTO RESITÊNCIA UNIVERSITÁRIA

O SURGIMENTO E AS PERSPECTIVAS ESTRATÉGICAS

O Movimento Resistência Universitária é um movimento organizado pelos estudantes da Universidade Estadual de Santa Cruz-Uesc, que surge em meio à ocupação do prédio do Restaurante Universitário. Esta ocupação que teve início no dia 25 de setembro de 2008, foi suspendida abruptamente em 19 de fevereiro de 2009, mediante ação truculenta e policialesca da reitoria, teve por objetivos a reivindicação por Residência Universitária, Posto Médico, Creche e por gestão pública do Restaurante Universitário que garanta três refeições diárias, com alimentos de qualidade a um preço condizente a realidade financeira dos estudantes de baixa renda. Reivindicação histórica dos estudantes das universidades brasileiras, que infelizmente, não foi atendida pela gestão do prof. Joaquim Bastos.
Entendemos que a ocupação deste prédio e a luta intransigente pela concretização destas reivindicações estão em consonância com a defesa incondicional de uma universidade pública de qualidade, que possibilite a formação de indivíduos conscientes de seus direitos e deveres enquanto cidadãos, com capacitação profissional adequada que permita a sua inserção no mercado de trabalho e a sua participação direta na construção de uma sociedade mais justa.
Nessa perspectiva, enfatizamos que a Resistência Universitária é fruto de uma situação histórica de omissão da direção da universidade e dos governos para com sua função de garantir que todos os seus discentes tenham as mesmas condições para se desenvolver de forma plena em suas atividades acadêmicas.
Em outras palavras, “resolvemos chamar todas as coisas pelos nomes que têm [...]. As dores que ficam são as liberdades que faltam. Acreditamos que não erramos, as ressonâncias do coração nos advertem” – trecho do primeiro manifesto estudantil latino-americano do século XX em defesa da universidade, o Manifesto de Córdoba.


PRINCÍPIOS ORGANIZATIVOS

O movimento Resistência Universitária desde a sua origem é caracterizado por sua autonomia perante a reitoria, governos, partidos políticos, ONGs, instituições religiosas, empresas etc.
Além da autonomia a base que garante a existência da Resistência é o respeito às distintas opiniões e o combate a todo e qualquer tipo de preconceito (racial, sexual, de gênero, etc.).
O fórum de decisão da Resistência são as plenárias convocadas pelos membros, no qual o principio constitutivo é a horizontalidade, onde todas as pessoas envolvidas no movimento têm o mesmo poder de decisão, o mesmo direito de voz e a liderança nata.
As decisões sempre serão tomadas por consenso, mas na impossibilidade caberá como recurso a votação.
As deliberações serão encaminhadas por equipes formadas e indicadas nas plenárias. As equipes não terão autonomia para modificar as decisões do coletivo.
A Resistência resguardará o direito democrático de seus membros se filiarem a Partidos, todavia, assegura que estes estarão submetidos às diretrizes do movimento.
Os Centros e Diretórios Acadêmicos também podem compor a Resistência.


DOS MÉTODOS DE LUTA

A Resistência sempre procurará os canais de diálogo para debater e solucionar as reivindicações. Todavia, a nossa principal opção é a mobilização do conjunto dos estudantes para que os principais interessados decidam.
A Resistência continuará fomentando discussões e aulas públicas para debater as nossas reivindicações, a universidade pública e outros assuntos de interesse da comunidade acadêmica e da sociedade.
A disposição de luta da Resistência é de Frente Única apenas com sindicatos, movimentos populares e outros setores do movimento estudantil, reconhecidamente disposto à luta pela garantia das condições básicas de estudo e em defesa da universidade pública de qualidade.
A Resistência luta em defesa da liberdade de manifestação, contra a repressão e criminalização dos movimentos sociais. Nesse sentido, luta contra a própria repressão e criminalização que tem sido alvo.

Campus Soane Nazaré, março de 2009.

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